Pular para o conteúdo principal

A reforma tributária que precisamos

Artigo de Adriano Luiz Leocadio, Secretário de Finanças
de Santos e presidente da ASSEFIN-SP - publicado na coluna 
Tribuna Livre do jornal A Tribuna de Santos do dia 11-4-22

        Tramita no Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição da reforma tributária, denominada PEC 110, que tem como objetivo extinguir tributos e criar o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS). 

        Se por um lado existe a estimativa de aumento do PIB em 0,5%, por outro, há a criação do maior imposto de valor agregado do mundo - mais de 30% entre a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e IBS.

        A Associação das Secretarias Municipais de Finanças do Estado de São Paulo (Assefin-SP) é contrária a essa proposta e convoca parlamentares, gestores públicos municipais e prefeitos a se unirem contra a PEC 110, pela nocividade que ela representa, principalmente aos municípios paulistas, ocasionando, a médio e longo prazo, impactos orçamentários, financeiros e gerenciais negativos aos poucos municípios brasileiros que, por competência política e gerencial, possuem consistentes receitas próprias. 

        Afronta, ainda, claramente, a cláusula pétrea do pacto federativo, uma vez que tira a competência constitucional e a autonomia na gestão da receita e fiscalização da maior fonte crescente de arrecadação própria dos municípios, o ISS.

        Não há estudos que demonstrem que a PEC 110 resolverá o problema do crescimento econômico e da complexidade tributária brasileira. Mas é nítido que será prejudicial aos municípios, principalmente para aqueles com mais de 80 mil habitantes, que é onde está concentrada mais de 60% da população.

        Para a Assefin-SP, cuja representatividade e influência são reconhecidas em todo o território nacional, não há dúvidas de que a sociedade anseia por uma reforma no sistema tributário brasileiro, principalmente, a sua simplificação, neutralidade, equidade e transparência, sem, contudo, provocar aumento na carga tributária.

        A tributação brasileira precisa ser simplificada e os custos reduzidos, tanto que apoiamos o movimento do Simplifica Já (Emenda 223 à PEC 110), para torná-la mais enxuta e infraconstitucional, como deve ser, e que já conta o apoio da Abrasf, FNP, Assefin, Anafisco, Sinafresp, Cebrasse, ABAT, Sescon-SP, UVB e Consórcio do Grande ABC, entre outros.

        É incabível para as cidades dependerem de repasses, subordinados a um comitê gestor nacional, voltando à condição de refém de específicas sistemáticas e, por que não, de contingenciamentos, a fim de equilibrar eventuais novos déficits nas receitas públicas.

        Para nós, a reforma tributária deve respeitar o pacto federativo, simplificar a estrutura jurídica, elevar a competitividade das empresas e, sobretudo, garantir que os municípios não percam suas receitas.

        Os municípios brasileiros demandam por uma discussão profunda acerca do Pacto Federativo, pois é urgente rediscutir a distribuição dos recursos públicos que engessam os Orçamentos Municipais criando uma relação de dependência entre os entes federados que contraria a autonomia prevista na Carta Magna.  

        A todos os gestores públicos municipais, parlamentares e prefeitos, deixo explícita a posição da Assefin-SP e, mais uma vez, os convido a se juntarem a nós na luta em defesa dos municípios paulistas e contra a PEC 110.

(matéria publicada na Tribuna Livre, no Jornal Tribuna de Santos, no dia 11-4-22)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SIAFIC - Comitê Gestor: Sistema Único é um software!

Aponte ^ a câmera do seu celular no  QR Code  (ou clique na figura) e participe! Como participar do Café da Manhã: 1. Para receber certificado: Inscrição 2. Para assistir: Youtube  - Facebook SIAFIC: Comitê Gestor firma entendimento de Sistema Único: ele é um software !         Desde o ano 2000, com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000) existe uma palavra de ordem para os entes da Federação:  transparência  nas informações! O fundamento principal é a " liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público".         Em 2009 aparece um conceito complementar à transparência dos gastos públicos para os entes da Federação, o de que também devem incentivar audiências públicas, o da adoção de um  sistema integrado  e que tenha um  padrão mínimo de qualidade...

11o SGESP - 21/7 - RFB - Intercâmbio com os municípios

O Controle da Tributação Federal  Compartilhada com os Municípios A RFB desenvolve programas que integram o controle do imposto nacional. O SGESP mostrará como os municípios têm um papel importante na modernização e gerenciamento dessa atividade. Moderador Adriano Pereira Subirá Chefe de Assessoria de Cooperação e Integração Fiscal da Receita Federal      Auditor Fiscal da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, desde 1997      Doutorando em administração pública na Universidade de Lisboa      Mestrado em Administração Tributária pela UNED Espanha      Consultor externo do FMI Para assistir no Youtube   Painel 1   (1) Convênios do ITR entre o Município e a União (Sizenando) (2) Convênios de Cooperação Técnica e de Compartilhamento da Escrituração Contábil Digital no SPED (Thays) Início – 9h05 Término – 9h35 Perguntas até 9h45 Sizenando Ferreira de Oliveira Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil –...

10.o SGESP - 22/7 - RFB - Colaboração e intercâmbio com os municípios

    No dia 22/7/2021 - o 10.o SGESP mais uma vez contará dirigentes da Receita Federal do Brasil, auditores-fiscais, que sempre abordam temas que envolvem os municípios brasileiros, principalmente em forma de parceria. Adriano Pereira Subirá (Moderador) Auditor Fiscal da Receita Federal Na RFB desde fev/93 Mestrado em Administração Tributária pela UNED Espanha Consultor externo do FMI Chefe da ASCIF/RFB - Relações Institucionais da Receita Federal Tema: Conformidade Cooperativa, e a experiência da Receita Federal com a Conformidade Tributária Flávio Vilela Campos Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, atualmente na gerência dos projetos de “Gerenciamento de Riscos de Conformidade – GRC” e de “Conformidade Cooperativa Fiscal – Confia” da Receita Federal do Brasil Tema:   Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB) José Renato Alves Gomes Pós-graduado em redes de computadores pela Universidade Federal do Pará. Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil desde o ano 2002. Ch...